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Violência no trabalho causa depressão entre os agentes, diz pesquisa

Violências de vários tipos, sofridas durante o exercício da atividade profissional, estão provocando depressão entre os profissionais da Estratégia de Saúde da Família (ESF), principal programa de atenção básica do Ministério da saúde.
Uma pesquisa realizada junto a 2.940 integrantes da ESF no município de
São Paulo constatou que formas de depressão leves a moderadas afetavam
36,3% desses profissionais e depressões mais graves acometiam outros
16%.
No total, 52,3% dos entrevistados, englobando agentes comunitários de
saúde, auxiliares de enfermagem, enfermeiros e médicos, estavam sofrendo
de algum tipo de depressão por ocasião do inquérito.

A informação foi veiculada no artigo “Violence at work and depressive
symptoms in primary health care teams: a cross-sectional study in
Brazil”, assinado por Andréa Tenório Correia da Silva, Maria Fernanda
Tourinho Peres, Claudia de Souza Lopes, Lilia Blima Schraiber, Ezra
Susser e Paulo Rossi Menezes, publicado na revista publicado na revista
Social Psychiatry and Psychiatric Epidemiology.
O estudo foi realizado no âmbito do projeto “Esgotamento profissional e
depressão em profissionais da estratégia saúde da família do município
de São Paulo”, coordenado por Paulo Rossi Menezes, professor titular do
Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo (USP), e apoiado pela FAPESP.
Na amostra investigada foram contabilizados os seguintes percentuais de
exposição à violência durante o exercício da atividade profissional nos
12 meses anteriores às entrevistas: insultos (44,9%), ameaças (24,8%),
agressão física (2,3%), testemunhar violência (29,5%).
Segundo o coordenador, a ideia de fazer essa pesquisa começou a tomar
corpo cerca de 10 anos atrás, a partir da observação pessoal de Andréa
Tenório Correia da Silva.
“Na época, ela trabalhava como médica de família em uma equipe da ESF
em São Paulo e percebeu que os agentes comunitários que participavam de
sua equipe estavam muito estressados. Elegendo como tema a saúde mental
desses profissionais, Andréa desenvolveu seu mestrado, com a minha
orientação. No curso de sua pesquisa, usando um questionário padrão,
percebemos, para nossa surpresa, que uma proporção muito grande
apresentava sintomas de depressão e ansiedade. A partir disso,
elaboramos o projeto, financiado pela FAPESP, que gerou o trabalho
atual”, disse Menezes à Agência FAPESP.
A Estratégia de Saúde da Família é considerada, pela Organização
Mundial da Saúde (OMS), um modelo de atenção primária à saúde para
países de renda média ou baixa. No Brasil, seus 320 mil trabalhadores
prestam assistência a mais de 118 milhões de pessoas espalhadas pelo
território nacional. E um indicador de seu êxito é que ele vem sendo
copiado por outros países, como a África do Sul e o Peru.
“O grande diferencial da ESF é que, além de atender nas unidades
básicas de saúde (UBS), cada equipe vai às comunidades, faz visitas
domiciliares e assume a responsabilidade pela saúde dos moradores de uma
determinada região”, afirmou Menezes.
Mas esse contato íntimo com a população, que constitui o maior mérito
da ESF, é também o fator que expõe seus profissionais a vários episódios
de violência no trabalho.
“Durante as visitas à comunidade, pode ocorrer de os agentes do PSF
serem insultados, ameaçados ou até agredidos pelas pessoas que vão
atender, ou por outros moradores, que também fazem parte de sua
clientela. 
Fonte: Exame/Abril
Por: Lazaro Costa

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